A Black Friday se consolidou como uma das datas mais importantes do calendário do varejo, indo muito além dos eletrônicos e se tornando crucial para todos os segmentos, inclusive o alimentar. 

Para o gestor de loja, a Black Friday para o comércio não é apenas uma data de descontos; é uma batalha intensa pela atenção e, principalmente, pela conversão do cliente.

Em uma era onde o consumidor pesquisa preços online antes de visitar a loja física, o ponto de venda (PDV) se tornou o campo de batalha final. Estudos indicam que até 70% das decisões de compra ainda são tomadas no PDV. É nesse momento que a sua comunicação visual, especialmente o cartaz promocional, se torna decisiva.

O cliente entra no seu comércio já informado, mas também desconfiado. O histórico da “Black Fraude” ou do “preço pela metade do dobro” criou um consumidor cético. Uma das maiores reclamações é a divergência de valores entre o online e o físico.

É aqui que a sua estratégia de PDV brilha. O cartaz não é um mero informativo; ele é a validação física da sua promessa. O sucesso dependerá de ações no PDV bem executadas, que transmitam transparência, profissionalismo e uma oportunidade real de economia.

Planejamento estratégico: o que promover na sua campanha de black no varejo

Uma execução impecável no PDV começa meses antes, com um planejamento que alinha estoque, negociação com fornecedores e metas realistas. A escolha do mix de produtos é a fundação da sua estratégia.

Para o varejo alimentar, a Black Friday no supermercado é uma oportunidade dupla. O foco deve estar em produtos de alta demanda e giro, como alimentos essenciais, produtos de limpeza e, especialmente, bebidas. Ao mesmo tempo, é a chance de usar kits estratégicos para movimentar produtos de baixa saída.

O objetivo principal não deve ser apenas girar estoque, mas aumentar o ticket médio. Para isso, sua comunicação no PDV deve destacar promoções inteligentes:

  • Combos e kits promocionais: essa é a tática mais poderosa. Crie combinações que aumentem o valor percebido pelo cliente. Pense em “Kit Churrasco” (carnes + carvão + cerveja), “Kit Café da Manhã” (pães + queijos + sucos) ou até mesmo o “Kit Ceia Antecipada” (vinhos + panetones + assados).
  • Descontos progressivos: incentive a compra de múltiplas unidades com cartazes claros: “Leve 2 e ganhe 10% OFF; leve 4 e ganhe 20% OFF”.
  • Cross-merchandising: use o espaço e a comunicação visual para sugerir compras complementares, posicionando queijos próximos aos vinhos ou massas ao lado dos molhos.

Executando a comunicação visual: o cartaz como vendedor

Na correria da Black Friday, o cliente não lê; ele “escaneia” com os olhos. Sua comunicação visual no PDV precisa, literalmente, “gritar OFERTA!”. Isso é o que chamamos de cartazeamento estratégico, um processo que transforma sua meta de vendas em uma ferramenta de conversão.

O cartazeamento estratégico se baseia em três pilares:

  1. Posicionamento: entender o fluxo do cliente na loja para posicionar os cartazes nos principais pontos de decisão (entrada, pontas de gôndola, ilhas promocionais).
  2. Informações corretas: garantir 100% de precisão nos preços. Um preço errado ou ausente gera dúvida, abandono de produto e quebra de confiança.
  3. Identidade visual: manter a consistência visual da campanha em todos os materiais, reforçando a mensagem da marca.

Do ponto de vista do design, clareza vence a estética. Use fontes (letras) grandes e legíveis. Aposte em cores de alto contraste que sinalizam promoção, como preto, vermelho e amarelo.

A tática de design mais importante para construir credibilidade é o formato “De/Por”. Um cartaz que apenas diz “Produto X por R$ 50,00” é fraco. Um cartaz que informa “Produto X De R$ 80,00 por R$ 50,00” é poderoso. A inclusão do preço original (mesmo que riscado) é a prova visual do desconto, combatendo a desconfiança do cliente.

Para acelerar a decisão, o cartaz é o veículo perfeito para gatilhos mentais. O cérebro humano usa atalhos para tomar decisões, e sua comunicação pode ativar esses atalhos:

  • Escassez e urgência: o gatilho mais forte da Black Friday. Use frases claras no cartaz, como “Últimas unidades”, “Estoque baixo”, “Restam apenas 10 peças” ou “Oferta válida só hoje”.
  • Reciprocidade: ofereça algo de valor. “Compre este vinho e ganhe uma amostra grátis do Queijo Y”.
  • Curiosidade: “compre R$ 100 em produtos e descubra seu brinde exclusivo no caixa”.

Ações no PDV que vão além do cartaz: organizando a loja para a batalha

O layout da loja é uma das ações no PDV mais impactantes. A organização do espaço deve ser pensada para facilitar o acesso às promoções e guiar o cliente por um caminho que maximize a exposição aos produtos estratégicos.

O local de maior impacto visual são as “ilhas de merchandising” e as pontas de gôndola. Esses são os “palcos” centrais para suas ofertas-herói. Use displays de chão ou mini pallets para dar volume e destaque a esses produtos, sinalizando-os agressivamente com cartazes e faixas.

Uma estratégia de PDV de elite usa um ecossistema de materiais que trabalham juntos para guiar o cliente:

  1. Atração (entrada): totens e faixas na entrada da loja anunciam a campanha principal.
  2. Navegação (corredor): adesivos de chão guiam o fluxo de clientes até as seções em promoção.
  3. Conversão (destino): o cliente encontra a ilha de merchandising (Ex: cervejas) montada sobre displays de chão, sinalizada com o cartaz principal da oferta.
  4. Micro-conversão (gôndola): nos produtos complementares ao lado, wobblers (aquelas peças que “saltam” da prateleira) destacam ofertas de menor impacto, mas alto poder de conversão, como “Leve 3 Pague 2”.

Armadilhas comuns: o que não fazer na sua campanha de Black no varejo

Tão importante quanto saber o que fazer é saber o que evitar. Alguns erros de execução no PDV podem anular todo o seu planejamento.

O erro mais fatal é a falta de transparência, o já mencionado “preço pela metade do dobro”. Aumentar preços semanas antes para simular um desconto maior é a forma mais rápida de destruir a credibilidade da sua marca. O desconto deve ser real.

O segundo grande erro é a poluição visual. Na ânsia de comunicar tudo, muitos varejistas criam um ambiente caótico. O excesso de placas, banners e cores competindo pela atenção geram resultados negativos:

  • Reduz a eficácia das promoções: o cliente fica sobrecarregado e não foca em nenhuma oferta específica.
  • Aumenta o estresse: o caos visual gera ansiedade e pressa no consumidor.
  • Dificulta a navegação: o cliente se frustra por não encontrar o que precisa.
  • Prejudica a marca: a loja parece desorganizada, menos profissional e “desesperada”.

Evite isso com hierarquia. Defina quais são suas “ofertas-herói” e dê a elas o maior destaque. Use materiais menores e padronizados, como wobblers, para as ofertas secundárias.

Da Black Friday ao Natal: como adaptar as ações no PDV e continuar vendendo

A estratégia de PDV não termina na sexta-feira. O varejista inteligente usa a Black Friday como o evento de abertura para o lucrativo final do ano. A comunicação visual é a ferramenta que permite a adaptação rápida para o Natal e o Ano Novo.

A mudança mais crucial é o tom. A Black Friday é sobre impulso, preço e urgência. O Natal é sobre emoção, valor, tradição e presentear. Seus cartazes e a ambientação da loja devem refletir essa mudança.

A transição precisa ser imediata. No sábado ou domingo pós-Black Friday, realize uma “higiene visual”: toda a comunicação agressiva do evento (banners, faixas, adesivos pretos) deve ser retirada. Manter cartazes de Black Friday confunde o cliente e enfraquece a credibilidade da campanha de Natal que está começando.

A paleta de cores muda do impacto do “Preto, Amarelo e Vermelho” para o acolhimento do “Verde, Vermelho e Dourado”. A linguagem nos cartazes também muda radicalmente:

  • De: “50% OFF SÓ HOJE!”
  • Para: “O Presente Perfeito para Quem Você Ama” ou “Sua Ceia de Natal Completa”.

As táticas de PDV, como as ilhas de merchandising, são reaproveitadas, mas o foco do produto muda. O destaque agora vai para itens de ceia (aves especiais, carnes nobres, bacalhau), panetones (especialmente os de produção própria, que têm margem maior), vinhos, espumantes e castanhas. 

As ilhas de “Kit Churrasco” se transformam em “Ilhas de Cestas Natalinas” ou “Ilhas de Panetones Especiais”.

Uma estratégia avançada é usar a Black Friday para construir uma “ponte” de vendas. Ofereça um benefício no caixa durante a Black Friday, como um vale-compras, para ser usado exclusivamente nas compras da ceia de Natal em dezembro.

Conclusão: o PDV como seu maior ativo estratégico

A Black Friday evidencia que a comunicação visual no PDV, liderada por um cartazeamento estratégico, não é um detalhe operacional. É a ferramenta central para o sucesso no varejo físico.

O profissional cartazista e o gestor de marketing devem atuar como parceiros estratégicos, traduzindo metas de vendas e dados de estoque em uma linguagem visual que atrai, informa, gera confiança e converte.

Investir em ações no PDV claras, honestas e bem planejadas não é um custo de evento; é um investimento que constrói credibilidade, aumenta o ticket médio e cria uma ponte de fidelidade que leva o cliente da Black Friday ao Natal, e o faz retornar o ano todo.

Gostou das dicas? A Black Friday é só o começo. Para continuar aprendendo como usar a comunicação visual para impulsionar suas vendas em todas as datas sazonais, continue navegando pelo blog da Casa do Cartazista!